domingo, 8 de agosto de 2010
As redes sociais engoliram você?
Karen Wojtowicz passa mais de 10 horas por dia no Twitter e comprou um celular com acesso a internet para poder postar da rua também
As redes sociais conquistaram os brasileiros. O país é um dos dez que mais acessam esse tipo de conteúdo e 87% dos internautas nacionais usam ferramentas como Orkut, Facebook e Twitter, de acordo com dados do IBOPE.
Os benefícios das novas mídias são inegáveis, elas tornaram possíveis encontros, reencontros, troca de informação, criação de movimentos globais, entre outros. Mas essa maravilha toda levanta também a questão do quanto essas redes podem dificultar a organização do tempo. Isso porque algumas pessoas se tornam reféns da vida virtual – “o que está acontecendo?”, pergunta o Twitter.
Quando a família, amigos e o chefe começam a reclamar do tempo gasto nas redes sociais é um sinal que o internauta pode estar passando dos limites. “Quando você percebe que atrasa prazos e compromissos, mesmo que seja chegar mais tarde no happy hour, porque ficou no computador é um sinal”, diz a psicóloga Luciana Ruffo, do núcleo de pesquisa em psicologia e informática da PUC de São Paulo. Segundo ela, a relação com as redes deixa de ser positiva quando a pessoa perde a noção do espaço onde está. “Em uma festa super divertida a pessoa está concentrada mexendo na internet do celular”, diz. “Muitas pessoas querem estar sempre disponíveis com medo que os conhecidos vão esquecer dela se não estiver online”, completa ela, que ressalta: o uso saudável das redes é positivo e aumenta a interface de contato com os amigos. O problema aparece quando a vida virtual complica o dia a dia.
Sobrecarga no trabalho
O excesso de navegação nas redes sociais pode afetar a produtividade, relações afetivas e tirar o foco de atividades diárias, o que preocupa até as empresas sobre como lidar com esse novo tipo de navegação dos usuários. “Hoje em dia quem não está em nenhuma rede está desconectado do mundo. É importante estar antenado, mas é preciso também analisar quais os benefícios de cada perfil virtual”, avalia a especialista em comportamento corporativo Daniela do Lago. Segundo ela, as redes sociais podem gerar um estresse extra quando atrapalham as funções do dia. “Viraram atividade de fuga. Quando a pessoa vai fazer um trabalho não muito gostoso, olha o Orkut antes de começar, posta algo no Twitter. Piscou e já perdeu meia hora. Se não tiver organização é possível passar o dia todo nesses espaços”, completa.
Quando passam muito tempo da hora de trabalho em redes sociais, é inevitável que as pessoas se sintam sobrecarregadas ao final do dia ou acabem trabalhando até mais tarde para compensar o tempo. “As redes complicam porque são consumidoras de tempo. É bom que as pessoas participem, que as empresas não bloqueiem o acesso, mas há que educar para não ficarem de bate papo por lá“, aponta Lucia Freitas, blogueira e consultora em mídia social. “Você entra uma vez por dia no começo, meio ou fim do expediente, resolve seus assuntos e tchau”, diz ela, que trabalha de casa e precisa de disciplina com as redes.
Internet na palma da mão
A compulsão pelo relacionamento virtual também se explica pela facilidade de acesso a internet. Com celulares de última geração e computadores portáteis, as pessoas conseguem postar fotos das férias enquanto tomam sol na beira da piscina e checam e-mails enquanto conversam pessoalmente com outras pessoas. Quem já não se viu conversando com alguém que estava vidrado no visor do telefone?
Eduardo Passadiço posta mensagem no Twitter durante a sua festa de aniversário
O administrador de empresas Eduardo Passadiço, de 31 anos, assume que usa o Twitter e o Messenger pelo celular até quando dirige – o que, aliás, é proibido. “As pessoas se irritam e ficam preocupadas quando eu falo que estou escrevendo pelo telefone”, diz. Assim como ele Karen Calligaris Wojtowicz, 24 anos, diz que passa mais de 10 horas conectada ao Twitter. “Comprei um celular com internet só pra postar da rua. Amo twittar no ônibus, em todos os lugares”, conta. Segundo Daniela, a velocidade das informações na internet desperta a sensação que estamos sempre atrasados, desatualizados. “E aí queremos olhar tudo a todo minuto”, diz ela.
Uma pessoa engolida pelas redes sociais não consegue almoçar sem o telefone em cima da mesa, acorda no meio dá noite e olha seus perfis, fica conectada durante o happy hour, festa, jantar e não consegue se concentrar no que está fazendo. “A pessoa está no lugar mas não está presente. Sua atenção fica presa em outra coisa que está olhando pelo celular”, avalia Daniela. “Isso sim faz a gente ser engolido pela tecnologia. Ela tem que ser a favor e não escravizar”, completa. “Agora existe o Foursquare, meu mais novo vicio”, revela Karen, admitindo que amigos e namorado reclamam do tempo dedicado ao mundo virtual. “Ainda hoje comentam que lá vai a Karen tuitar”, diz.
Famosos caem na rede
Algumas celebridades são também muito populares em redes sociais e abrem sua intimidade e opiniões. E, assim como os anônimos, eles também cometem alguns excessos nas redes sociais.
Quase todo dia a cantora Ivete Sangalo escreve pelo Twitter e postou até uma foto no chuveiro usando uma touca de banho. O apresentador Otávio Mesquita, por sua vez, enviou uma imagem feita de seu celular na hora que ia fazer uma vasectomia. Outra ocorrência conhecida é do músico Lucas Lima, que escreveu em seu blog sobre o casamento com Sandy apenas uma hora após a festa.
Luciano Huck e Willian Bonner são globais muito presentes no Twitter, por onde falam também da vida pessoal. “As celebridades têm esses objetivos, o negócio deles é aparecer”, observa Daniela. A especialista em comportamento diz que de acordo com o seu perfil profissional é preciso selecionar de quais redes vale a pena participar e que tipo de informação é adequada postar. “Eu não falo se fui para a praia ou se estou com preguiça no Twitter que leva meu nome”, revela.
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