quarta-feira, 11 de maio de 2016

Eu educo, tu educas, nós educamos


A Educação vai muito além do que se aprende na escola. Ela é constante na nossa vida, e se dá em todos os tempos e espaços e com todas as pessoas com as quais convivemos. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu Paulo Freire.
Mas quero mais uma vez enfatizar o papel central da família em parceria com a escola. Como já é bem sabido no meio educacional, o contexto familiar é determinante para a aprendizagem. E um dos fatores desse contexto é o engajamento da família na vida escolar das crianças e dos jovens.
 
Nesse ponto, falo de envolvimento tanto no ensino de valores e cultura como também no cotidiano escolar, como acompanhar a lição de casa, participar de reuniões e eventos escolares, ler com a criança e estabelecer um horário para os estudos.
 
As pesquisas já feitas sobre o tema apontam pelo menos cinco razões diretamente relacionadas com a aprendizagem dos alunos para as famílias colocarem a educação no seu dia a dia:
 
  • essa atitude transmite aos alunos valores importantes, como o respeito ao professor e a valorização do conhecimento, que estimulam o seu aprendizado;
  • as crianças conseguem se adaptar melhor à escola, têm maior frequência e o percentual de evasão é menor;
  • os alunos desenvolvem melhor algumas habilidades importantes para o estudo, como concentração e persistência;
  • os resultados das avaliações de aprendizagem (como Prova Brasil e Enem) indicam que esses alunos aprendem mais;
  • esses alunos têm mais chances de ir para o Ensino Superior.
Parece óbvio, não é?
 
Mas nem todas as famílias realmente participam. E isso não é só por falta de interesse.
 
Já conversei com muitas mães que não conseguem ultrapassar algumas barreiras, como a falta de tempo, o fato de não saberem como abordar a escola e, quase sempre, a falta de preparo da escola para lidar com essa participação.
 
Essa relação com a escola não é uma ponte fácil de construir.
 
Para ajudar nesse debate, listei abaixo alguns princípios que nortearam experiências exitosas nesse campo, da professora Karen Mapp, da Faculdade de Educação de Harvard.
  1. Relacionamento importa – Pais e equipe escolar que se conhecem constroem uma relação de confiança.
  2. Colaboração – Família e comunidade têm um grande acúmulo de conhecimento que pode ajudar os educadores.
  3. Juntos pelo aprendizado – É importante trocar informações baseadas na experiência e no conhecimento de cada um para apoiar o aprendizado – por exemplo, um professor pode orientar os pais sobre como ajudar no estudo de matemática com coisas do dia a dia da casa, como trocos ou receitas, enquanto os familiares podem dar dicas que facilitem o relacionamento do professor com o aluno.
 
Já parou para pensar no seu relacionamento com a escola do seu filho e a vida escolar dele? Para apoiar esse relacionamento, indico o caderno 100 perguntas que vão dar o que falar, iniciativa do Todos Pela Educação, que está disponível para download gratuitamente (http://www.todospelaeducacao.org.br/biblioteca/1541/100-perguntas-que-vao-dar-o-que-falar/). Tenho certeza de que essas perguntas podem disparar ótimos bate-papos e ajudar na aproximação do dia a dia.

Fonte: UOL texto de PRISCILA CRUZ.
Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar.

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