A Educação vai muito além do que se aprende na escola. Ela é constante na nossa vida, e se dá em todos os tempos e espaços e com todas as pessoas com as quais convivemos. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu Paulo Freire.
Mas quero mais uma vez enfatizar o papel central da família em parceria com a escola. Como já é bem sabido no meio educacional, o contexto familiar é determinante para a aprendizagem. E um dos fatores desse contexto é o engajamento da família na vida escolar das crianças e dos jovens.
Nesse ponto, falo de envolvimento tanto no ensino de valores e cultura como também no cotidiano escolar, como acompanhar a lição de casa, participar de reuniões e eventos escolares, ler com a criança e estabelecer um horário para os estudos.
As pesquisas já feitas sobre o tema apontam pelo menos cinco razões diretamente relacionadas com a aprendizagem dos alunos para as famílias colocarem a educação no seu dia a dia:
- essa atitude transmite aos alunos valores importantes, como o respeito ao professor e a valorização do conhecimento, que estimulam o seu aprendizado;
- as crianças conseguem se adaptar melhor à escola, têm maior frequência e o percentual de evasão é menor;
- os alunos desenvolvem melhor algumas habilidades importantes para o estudo, como concentração e persistência;
- os resultados das avaliações de aprendizagem (como Prova Brasil e Enem) indicam que esses alunos aprendem mais;
- esses alunos têm mais chances de ir para o Ensino Superior.
Parece óbvio, não é?
Mas nem todas as famílias realmente participam. E isso não é só por falta de interesse.
Já conversei com muitas mães que não conseguem ultrapassar algumas barreiras, como a falta de tempo, o fato de não saberem como abordar a escola e, quase sempre, a falta de preparo da escola para lidar com essa participação.
Essa relação com a escola não é uma ponte fácil de construir.
Para ajudar nesse debate, listei abaixo alguns princípios que nortearam experiências exitosas nesse campo, da professora Karen Mapp, da Faculdade de Educação de Harvard.
- Relacionamento importa – Pais e equipe escolar que se conhecem constroem uma relação de confiança.
- Colaboração – Família e comunidade têm um grande acúmulo de conhecimento que pode ajudar os educadores.
- Juntos pelo aprendizado – É importante trocar informações baseadas na experiência e no conhecimento de cada um para apoiar o aprendizado – por exemplo, um professor pode orientar os pais sobre como ajudar no estudo de matemática com coisas do dia a dia da casa, como trocos ou receitas, enquanto os familiares podem dar dicas que facilitem o relacionamento do professor com o aluno.
Já parou para pensar no seu relacionamento com a escola do seu filho e a vida escolar dele? Para apoiar esse relacionamento, indico o caderno 100 perguntas que vão dar o que falar, iniciativa do Todos Pela Educação, que está disponível para download gratuitamente (http://www.todospelaeducacao.org.br/biblioteca/1541/100-perguntas-que-vao-dar-o-que-falar/). Tenho certeza de que essas perguntas podem disparar ótimos bate-papos e ajudar na aproximação do dia a dia.
Fonte: UOL texto de PRISCILA CRUZ.
Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar.