Quase todas são desertas; destaque para Barra de Camaragibe e Marceneiro
Há cem anos, nascia em Passo de Camaragibe o homem que se preocupou em nos mostrar o significado das palavras. A casa em que Aurélio Buarque de Holanda viveu ainda existe, mas por pouco não foi demolida pelo atual proprietário – ele não sabia que o imóvel pertencera a tão ilustre figura.
Como não guarda memórias visuais do tempo do Mestre, a casa não recebe a visita de turistas nem curiosos. Mas isso não é motivo para que você, caro leitor, deixe de conhecer a cidade. Passo de Camaragibe é o portal de entrada para uma série de belíssimas praias do litoral norte alagoano, que só termina em Peroba, no município de Maragogi.
Para chegar a Passo é simples. Basta ficar atento ao entroncamento próximo à usina Santo Antônio, em São Luiz do Quitunde. A pista de acesso – AL 435 – é sinuosa e exige atenção dos motoristas, não só pelas inúmeras curvas, como também pela bela paisagem de pastos e coqueiros.
Um pórtico dá às boas vindas ao viajante. A cidade é pequena, mas acolhedora. Mais à frente, entre à esquerda e siga. Siga devagar, para apreciar o rio Camaragibe e a estreita ponte de ferro construída por Fernandes Lima. O caminho continua sinuoso... e belo.
À diante, damos de cara com o mirante da Barra de Camaragibe. Na verdade, uma simpática praça, com uma visão impressionante da praia. Na maré baixa, é possível ver os arrecifes e uma vasta extensão de areia. O mar, lá longe, se mostra com um azul encantador. Nas proximidades, jangadas descansam ao sol esperando o vai-e-vem da maré. Com a maré cheia, o ambiente se transforma e o mar quase se encontra com o mirante. A água fica mais escura devido à proximidade da foz do Camaragibe.
Caminhamos um pouco pela areia em direção à boca do rio até encontrar um trecho que permite banhos deliciosos. A água é salobra, mas limpa. Observe o Camaragibe com atenção. As embarcações ancoradas, as crianças brincando, o som dos bichos. A experiência é inesquecível.
Mas fomos até o local com a intenção de conhecer um paraíso pouco explorado e extremamente belo: a praia de Barras, também conhecida como Barra de Camaragibe.
Atravessamos o rio com a ajuda de Seu Antônio, pescador de longas datas. O trajeto de canoa é curtinho, não mais que cinco minutos. Do outro lado, seguimos por uma estradinha no meio do mangue e dos coqueirais para dar de cara com uma imagem de cartão postal.
Vou tentar, mas posso dizer com toda certeza que a praia de Barras é impossível de ser descrita. O mar é calmo, suave, convidativo. A cor segue ao “padrão alagoano de qualidade”: é verde-esmeralda, com vários tons de azul. A areia é vasta. Quase deserto – no dia em que fomos, tivemos apenas a companhia dos pescadores –, o local é ideal para quem quer se afastar por algumas horas do estresse diário.
O cenário da Barra de Camaragibe se completa com as falésias, formações rochosas de cor avermelhada. Se você tiver disposição, vá ao encontro delas. A caminhada demora cerca de uma hora, mas vale à pena. No caminho, você vai passar pelas praias de Ponta do Gamela e Cebola, esta, a praia mais ao sul do município. Você pode chegar a essas praias também por Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio.
Vá munido de bebidas e alguma comida. É de se imaginar que não há em Barra de Camaragibe um ponto sequer de apoio. Mas, pelo amor de Deus, junte o lixo e leve tudo de volta. Não deixe marcas da civilização (?!) no paraíso ainda hoje preservado.
De volta a Passo, seguimos em frente rumo a outra beleza de nossa litoral: Marceneiro. A praia também tem aparência de um paraíso deserto, embora haja casas e sítios ao redor. Marceneiro tem um mar um pouco mais forte, mas também é encantadora.
Pertinho de Maceió (89Km), Passo de Camaragibe é uma excelente opção para quem quer conhecer lindas paisagens sem se pegar horas e horas de estrada. Uma viagem que se encaixa com perfeição no seu final de semana. Experimente.
História
Os primeiros núcleos populacionais do município de Passo de Camaragibe se formaram as margens do rio que dá nome ao município. No início, foi o principal núcleo e era conhecido como Matriz de Camaragibe, pelo monumento que deu origem a população.
Posteriormente foi conquistado pelos portugueses, que encontraram uma zona ideal e rica para instalar-se, especialmente indicada para agricultura e a pesca. Anos mais tarde toda a zona foi invadida pelos holandeses, momento em que o povoado começou a prosperar, pois grande parte dedicava-se ao comércio.
Depois da invasão holandesa e da morte de Calabar, a cidade converteu-se em um ponto estratégico ideal para as comunicações entre o norte e o sul da região nordeste do Brasil. Sua posição estratégica e o intenso movimento de comerciantes influiu no seu atual nome, Passo de Camaragibe, motivado pela existência de um grande armazém utilizado para guardar as mercadorias, conhecido como 'Passo', localizado no lugar onde foi transferida a sede do município.
No ano de 1852 a freguesia foi declarada Vila. Anos mais tarde, em 1880, foi elevada a categoria de Cidade.
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